A indústria brasileira vive um momento de transformação profunda. A aceleração tecnológica, impulsionada por tendências globais como a automação inteligente, a Internet das Coisas (IoT) e a inteligência artificial (IA), está redefinindo a forma como produtos são fabricados, processos são otimizados e negócios se tornam mais competitivos. 

Nesse contexto, a Nova Indústria Brasil (NIB) surge como uma estratégia nacional para preparar o setor produtivo para os desafios e oportunidades da Indústria 4.0, oferecendo linhas de crédito para inovação empresarial e instrumentos de financiamento acessíveis para empresas de todos os portes.

Mais do que um programa, a NIB é um convite para a transformação digital, com apoio financeiro, técnico e estratégico para que empresas possam crescer de forma sustentável, moderna e competitiva no cenário global.  Essa iniciativa busca combater a desindustrialização e reposicionar o Brasil no comércio internacional com produtos de maior valor agregado. Saiba mais neste artigo.

O que é o Programa Nova Indústria Brasil?

A Nova Indústria Brasil é uma política industrial lançada pelo governo federal em 2024 com o objetivo de estimular a modernização produtiva, promover a sustentabilidade e aumentar a competitividade internacional da indústria brasileira. 

O programa prevê investimentos de R$ 300 bilhões até 2026, combinando financiamentos, recursos não reembolsáveis e participações acionárias. 

A gestão desses recursos será conduzida por instituições estratégicas como a BNDES, a FINEP e a Embrapii, com foco em impulsionar inovação, a modernização industrial, a transformação digital e a descarbonização dos processos produtivos.

Pilares estratégicos da Nova Indústria Brasil

A NIB foi estruturada sobre seis grandes eixos estratégicos que norteiam as políticas públicas e os investimentos:

1. Agroindústria sustentável e digital: ampliar a mecanização e fortalecer a produção nacional de equipamentos.
2. Complexo econômico da saúde: garantir autonomia produtiva em medicamentos, vacinas e insumos.
3. Infraestrutura e mobilidade sustentáveis: otimizar deslocamentos urbanos e expandir o transporte público eficiente.
4. Transformação digital: digitalizar a maior parte das indústrias e impulsionar tecnologias nacionais.
5. Bioeconomia e transição energética: reduzir emissões, ampliar biocombustíveis e uso sustentável da biodiversidade.
6. Tecnologias estratégicas para defesa: assegurar maior autonomia nacional em tecnologias críticas.

Principais instrumentos do programa

O programa utiliza diferentes mecanismos para impulsionar a inovação, fortalecer cadeias produtivas e aumentar a competitividade da indústria nacional:

• Crédito: concessão de empréstimos e linhas subsidiadas para estimular investimentos produtivos.
• Subvenções: apoio financeiro direto a projetos inovadores.
• Investimentos públicos: aporte em setores estratégicos.
• Créditos tributários: incentivos fiscais para empresas inovadoras.
• Compras governamentais: priorização de produtos nacionais em licitações.
• Transferência de tecnologia: incentivo à disseminação de conhecimento e propriedade intelectual.
• Infraestrutura da qualidade: fortalecimento de normas e certificações.
• Participação acionária: presença do governo em projetos estratégicos.
• Ações regulatórias: criação de ambientes favoráveis à inovação.

A importância da transformação digital para a competitividade industrial

A transformação digital não é mais uma tendência futura, mas uma necessidade presente. 

Empresas que digitalizam processos e adotam tecnologias avançadas reduzem custos, aumentam a eficiência, melhoram a qualidade dos produtos e ganham agilidade para competir no mercado global.

Com tecnologias como automação industrial, IA e IoT, a indústria consegue monitorar em tempo real suas linhas de produção, prever falhas antes que elas ocorram, personalizar produtos e otimizar cadeias logísticas. 

Essa transformação é essencial para que o Brasil alcance níveis mais altos de produtividade e inovação.

Aplicações práticas que impulsionam a indústria

A Nova Indústria Brasil incentiva a adoção de soluções digitais de alto impacto. Entre as tecnologias mais buscadas pelas empresas estão:

• Internet das Coisas (IoT): sensores inteligentes para monitoramento de equipamentos e processos em tempo real;
• Automação industrial: integração de máquinas, robôs e softwares para aumentar eficiência e reduzir erros;
• Inteligência Artificial: análise preditiva, manutenção inteligente e tomada de decisão baseada em dados;
• Computação em nuvem: digitalização segura e flexível das operações industriais;
• Manufatura avançada: integração de sistemas ciberfísicos e digital twins para simular e otimizar processos produtivos.

Essas tecnologias não apenas modernizam o chão de fábrica, mas também aumentam a competitividade das empresas brasileiras no mercado global.

Impactos esperados no curto, médio e longo prazo

O programa tem metas ambiciosas para transformar a base produtiva do país:

• Curto prazo: ampliar o acesso ao crédito, acelerar projetos piloto de digitalização e fomentar ecossistemas regionais de inovação.
• Médio prazo: aumento significativo da produtividade industrial e crescimento da adoção de tecnologias digitais.
• Longo prazo: consolidação do Brasil como um polo competitivo de Indústria 4.0, com cadeias produtivas integradas, sustentáveis e inovadoras.

Principais linhas de financiamento do Programa Nova Indústria Brasil

Para tornar essa transformação possível, a Nova Indústria Brasil conta com a participação de bancos públicos e agências de fomento que oferecem condições diferenciadas para projetos alinhados à transformação digital e à sustentabilidade. Saiba quais são as instituições parceiras do programa e o papel de cada uma no estímulo à competitividade da indústria nacional: 

• BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social): linhas voltadas à inovação, digitalização, automação e aquisição de máquinas e equipamentos. Em 2025, o orçamento disponível para a indústria 4.0 é de R$ 10 bilhões, que pode ser acessado com taxas de juros incentivadas até dezembro.
• FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos): financiamento para projetos de inovação tecnológica, pesquisa e desenvolvimento (P&D).
• Embrapii (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial): estimula a inovação e a pesquisa industrial, aproximando empresas de instituições científicas e tecnológicas para criar produtos e aprimorar processos produtivos.

Condições de financiamento do Programa Nova Indústria Brasil

As condições de financiamento variam conforme o tipo de projeto, o porte da empresa e a instituição financeira escolhida, mas seguem diretrizes que visam facilitar o acesso e incentivar investimentos produtivos. Entre as principais condições estão:

• Taxas de juros reduzidas e prazos estendidos são cruciais para projetos de digitalização, sustentabilidade e inovação tecnológica. O BNDES, através da linha de Difusão Tecnológica para máquinas e equipamentos 4.0, oferece juros a partir de 9,3% ao ano, com um spread máximo do agente financeiro de 5% ao ano, facilitando o acesso a tecnologias de ponta. As linhas da Finep também se destacam, com taxas de juros em torno de 8,5% ao ano, proporcionando um valioso suporte para projetos inovadores.
• Carência para início do pagamento, que pode chegar a 24 meses, conforme a linha de crédito e o tipo de investimento;
• Financiamento de até 80% do valor total do projeto, incluindo aquisição de equipamentos, softwares e serviços tecnológicos;
• Programa Brasil Mais Produtivo para micro, pequenas e médias empresas (MPMEs), com simplificação de garantias e acesso facilitado. A adesão ao programa pode ser feita por inscrição na plataforma do programa https://brasilmaisprodutivo.mdic.gov.br/.
• Possibilidade de combinação de instrumentos financeiros, como crédito, subvenção e participação acionária, de acordo com a natureza do projeto e o perfil da empresa.

Essas condições foram desenhadas para tornar a modernização industrial mais acessível e acelerar a transição das empresas brasileiras rumo à Indústria 4.0

Quais empresas podem se beneficiar e como acessar os recursos?

A boa notícia é que empresas de todos os portes — desde startups industriais até grandes grupos — podem se beneficiar da NIB. Entre os segmentos prioritários estão:

• Indústrias de base tecnológica;
• Fábricas em processo de modernização;
• Empresas com projetos de automação e digitalização;
• Negócios com foco em sustentabilidade e descarbonização.

Transformar o presente para competir no futuro

A Nova Indústria Brasil representa um marco no desenvolvimento produtivo do país. Ao alinhar políticas públicas, inovação tecnológica e instrumentos financeiros robustos, o programa oferece condições reais para modernizar a indústria brasileira, tornando-a mais competitiva, sustentável e digital.

Quer descobrir como dar o primeiro passo rumo à Indústria 4.0? A ABIMAQ possui um departamento de financiamentos especializado em apoiar empresas associadas na busca pelas melhores condições de crédito para projetos de inovação, automação e digitalização. 

Atuamos como parceira estratégica, auxiliando desde a identificação das linhas mais adequadas até a interlocução com bancos e agências de fomento. Com esse suporte, nossos associados conseguem converter oportunidades em projetos reais, acelerando sua jornada rumo à transformação digital.

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Giselle Rezende Gerente de Financiamentos da ABIMAQ