Ele diz que a preocupação com o aquecimento global, provocado por ação humana, é consenso entre empresários do setor e o processo de descarbonização das empresas é uma agenda que pode abrir ou fechar mercados mundialmente. Por isso, está indo para a COP “para aprender e ver de perto o que está sendo discutido no mundo”, explicou.
— Hoje não existem dúvidas no meio empresarial de que o aquecimento global é provocado pelo homem. A indústria brasileira, por ser um setor altamente fiscalizado por órgãos federais, estaduais e municipais, já vem seguindo essa agenda. Mas é preciso acompanhar de perto o que está sendo discutido, porque essa é cada vez mais uma exigência mundial — afirmou.
O setor de máquinas possui seis fábricas que produzem turbinas para geração eólica no Brasil e aguarda a construção de uma sexta fábrica, com investimento chinês. Segundo Velloso, há expectativa para a regulação da geração eólica off-shore, ou seja, em alto-mar, que pode abrir uma nova fronteira de exploração no país.
— A geração de energia eólica off-shore tem potencial gigantesco de crescimento no Brasil. O setor de máquinas faz parte disso porque produz turbinas no país. A tecnologia tem evoluído muito rapidamente, melhorando a eficiência da geração — afirmou.
Sobre a transição energética, Velloso diz que ainda não há uma fórmula mágica, ou uma receita de bolo, que possa ser seguida por todos os países para reduzir as emissões de gases de efeito estufa. E vê com preocupação os movimentos que estão acontecendo na Europa, como consequência da redução do fornecimento de gás pela Rússia, em retaliação às sanções provocadas pela guerra na Ucrânia.
— Os europeus ficaram dependentes do gás da Rússia e agora muitas termelétricas mais sujas, até o carvão, estão sendo religadas às vésperas do inverno. A verdade é que ninguém ainda sabe como fazer a transição. Para países como o Brasil há um desafio a mais, que é o custo de capital para investimentos, porque nós temos juros muito elevados — explicou.
A indústria de máquinas chegou a levar um tombo de 40% após a depressão econômica vivida no país entre 2015 e 2018. Em 2020, mesmo na pandemia, conseguiu crescer 10%, favorecida pela readequação das cadeias globais de suprimentos, pela resiliência do agronegócio e por obras e concessões do setor de infraestrutura.
— Tivemos mais pedidos internos, por causa da pandemia. E o agronegócio se beneficiou dos preços elevados das commodities. No setor de infraestrutura, quem ganha leilão é obrigado a realizar investimentos. Então tudo isso deu suporte para o setor. No ano passado, tivemos crescimento recorde, embora a gente ainda não tenha recuperado os níveis de 2014 — afirmou Velloso.
Sobre as eleições, o presidente da ABIMAQ diz que, qualquer que seja o vencedor, o governo terá que voltar rapidamente a passar credibilidade na área fiscal para ter superávit nas contas públicas.
Fonte: O Globo